Várias são as explicações apontadas pela doutrina especializada para o nível (altíssimo) de litigiosidade hoje existente no Brasil. Defende-se, neste artigo, que a construção de uma nova cultura de resolução de conflitos no Brasil, mais consensual e menos litigiosa, exige ampla reformulação do ensino jurídico no país. Uma análise por amostragem da grade curricular da graduação em Direito das universidades públicas confirma que o ensino nelas tem priorizado o oferecimento de disciplinas voltadas para a advocacia litigiosa, em detrimento de práticas e conteúdos direcionados para as soluções extrajudiciais de litígios. A mudança que se faz necessária, para viabilizar a transformação do perfil do advogado do futuro, de um agente do litígio para um agente do consenso, envolve não apenas alterações, de caráter multidisciplinar, na grade curricular das faculdades de direito, com a adoção de cadeiras obrigatórias (teóricas e práticas) na seara das ADRs, mas também o emprego de métodos variados de ensino (e.g., estudo de caso, simulações, role-playing, jogos, dramatizações, competições e adventure learning), com enfoque em experiências reais e casos concretos.

Introdução -- Um retrato simplificado do ensino jurídico no Brasil -- Estratégias e metodologias de ensino -- Considerações gerais -- A grade curricular -- Metodologia de ensino -- Conclusões